História do Morango em Estiva

Segundo versão do Sr. Sebastião Feliciano Ribeiro e do Sr. Mateus Morais, o primeiro produtor de morango de Estiva, foi o Sr. Osvaldo (conhecido por Osvaldinho Galinha). .

O Sr. Osvaldinho, era residente do bairro do Canta Galo e foi trabalhar na cidade de Atibaia, com a família de japoneses, que iniciavam uma plantação de morango naquela região. Após algum tempo naquela cidade, e já conhecendo as técnicas de plantio do morango retorno à Estiva, onde iniciou sua própria produção.

O plantio se deu no ano de 1963, no bairro Ribeirão das Pedras, onde foram plantados cerca de 100 mil pés de “morango-13” (Azedinho).

Conta o Sr. Sr. Sebastião, que durante todo o tempo em que trabalhou para o Sr. Osvaldinho, ele nunca viu a lavoura ser irrigada. (Não soube informar se a irrigação era feita no período noturno ou se realmente não era irrigado).

A produção daquele ano, foi feita em canteiros, sem qualquer tratamento especial e, após a colheita os morangos eram lavados e embalados em caixas e cumbucas de madeira e enviados para ser comercializados em São Paulo. Somente algum tempo depois é que passaram a ser comercializados em Belo Horizonte e Rio.

No ano de 1967, o Sr. Osvaldo diminui a plantação, para cerca de 80 mil pés, sendo plantado o Morango Campineiro e iniciou-se o uso de palha de arroz nos canteiros para manter a umidade, e a irrigação era feita com mangueiras e pulverizado como bombas manuais.

Com o preço do morango estável e vendido a bom preço, o Sr. Osvaldinho, queria manter o monopólio, impedindo que outros iniciassem o plantio do Morango.

Nesse mesmo ano, o Sr. Mateus Morais (2º produtor), iniciou a plantação no Bairro do Córrego dos Mulatos que, segundo ele, ocorre da seguinte forma: Um produtor de Atibaia, resolve investir em Estiva, mandando para cá empregados seus, para darem assistência ao Sr. Mateus e, como ele, desenvolver a produção pelo sistema de meeiro.

O Sr. Mateus, iniciou sua produção com grande dificuldade, pois não possuía maquinário adequado e havia uma escassez de mudas (vindas de Ibiúna/SP), a irrigação era feita por um pequeno motor com auxílio de mangueiras manejadas manualmente. Também não se usava a cobertura plástica e quando chovia toda produção era lavada antes de ser embalada. O maior inimigo da produção eram as constantes geadas, que praticamente destruíam as lavouras.

No ano de 1969, início também sua plantação o Sr. Messias Marques Rezende, no bairro Córrego dos Mulatos. Suas mudas, inicialmente vinham de São Paulo e logo passaram a ser produzidas por ele mesmo. A cobertura de palha de arroz começo a trazer problemas, pois muitas brotavam e cresciam atrapalhando o morango. Foi também introduzindo o uso do esterco de galinha e uma pequena parcela de adubo adquirido no mercado.

No ano de 1970 o Sr. Sebastião Feliciano Ribeiro, iniciou sua própria plantação, após trabalhar dois anos com o Sr. Osvaldinho. O Sr. Sebastião consegui com o Sr. Ranoi (Japonês de Atibaia), matrizes e as plantou nas proximidades da cidade.

Quase toda produção era levada para o mercado Santa Rosa em São Paulo/SP. No ano de 1976, o Sr. Mates, iniciou o sistema de coleta, utilizando-se de uma perua Kombi, conduzindo toda a coleta até o mercado Santa Rosa.

As embalagens usadas eram fabricadas em madeira, tanto a caixa, quanto as cumbucas, que acomodavam três camadas de morango.

Com a evolução e crescimento da produção, começaram a aparecer os comerciantes intermediários, representantes de empresas que lidam na comercialização de frutas, como: DMarc; Carbonari, Louverense e muitos outros aventureiros que infelizmente, usavam da boa índole do produtor, e compravam grandes quantidades de produtos e depois desapareciam, deixando o pequeno produtor com prejuízos significativos, levando muitos deles a bancarrota.

Variedades e Cultivo

De 1996, até hoje foram inúmeras as variedades que aqui foram plantadas, destacam-se pela produtividade e aceitação as seguintes:

1  Campineiro

2  Lassen

3  Dover

4  Garani

5  Monte Alegre

6  Oso grande

7  Selva

8  Tayonaka

9  Flórida Belle

10  Princesa

11  Chander

12  Ferri

13  Ivaine

14  Vila Nova

15  Kerveng-casacata

Os mais explorados atualmente são: AGF  Campineiro (que é bem doce e saboroso), e Dover ( mais ácido), que podem ser utilizados tanto para mesa com para industria.

A produção de mudas

1º passo: Consultar um agrônomo para melhor orientação e acompanhamento;

2º passo: Adquirir matrizes isentas de pragas e doenças;

Essas mudas, devem ser adquiridas de laboratórios, com certificado de garantia de isenção de doenças. Após sua aquisição serão levadas à campo para formação de matrizes, que serão transplantadas para canteiro definitivo. Este período compreende 06 (seis) meses e geralmente feito entre os meses de outubro e março.

Os laboratórios devem ser idôneos, sendo hoje procurados os da Embrapa de santa Catarina e Rio Grande do Sul e em nossa região o da cidade de Andradas.

Principais cuidados:

a) efetuar pulverizações uma vez por semana,

b) efetuar cobertura com 50g de adubo, em forma de anel a cerca de 10 a 20 cm do pé,

c) irrigar das vezes ao dia, pela manhã e a tarde,

d) eliminar as flores semanalmente, para que possa haver a produção maior de mudas.

Se bem cuidada essas matrizes deveram gerar no caso da variedade Campineira, entre 150 a 250 mudas e no caso do Dover, entre 250 a 400 mudas.

Fluxograma da Produção

1 Época do plantio;

2 Escolha do local de plantio;

3 – Preparo do solo, roçada e limpeza do local, aração e gradagem;

4 Marcação dos canteiros;

5 Levantamento dos canteiros;

6 Marcação dos canteiros;

7 Cultivares;

8 Mudas, preparo de mudas;

9 Plantio, replantio;

10 Adubação, adubação química do plantio, adubação química da cobertura;

11 Tratos Culturais, colocação do plástico, irrigação, limpeza das plantas;

12 Controle Fitossanitários, controle cultural, controle químico;

13 Colheita;

14 Seleção, classificação e embalagem do fruto;

15 Comercialização.

1º Época do Plantio

A época do plantio varia com a altitude. Em locais com altitudes entre 700 e 1000 metros o plantio deve ser feito no mês de março, com altitudes entre 600 e 700 metros em abril e abaixo de 500 metros em maio.

2º Escolha do local de Plantio

A área deve ser de fácil acesso, ter solo profundo, bem drenado e de boa fertilidade. Estar próximo de um bom suprimento de água de boa qualidade e mão-de-obra disponível e não estar sujeito a enchentes.

3º Preparo do Solo

3.1 Roçada e Limpeza – a roçada e limpeza serão feitas, quando necessárias para eliminar troncos, raízes e ramos.

3.2 Aração e gradagem  a aração é feita a uma profundidade de 20 a 25 centímetros, seguidas de uma gradagem para afobar o terreno.

4º Marcação do Canteiro

Marcar-se os canteiros com auxílio de arame o cordão de nylon, no senti transversal ao sentido do declive do terreno. A distância entre canteiros deve ser de aproximadamente 40 centímetros.

5º Levantamento dos Canteiros

Após a segunda gradagem e marcação dos canteiros, iniciar-se-á o levantamento dos canteiros, com auxílio de sulcador de tração ou manualmente.

6º Marcação das Covas

Após ligeira irrigação dos canteiros, usando-se um marcador de plantio, marcar-se-á as covas com espaço de 30X30 centímetros.

7º Cultivares

As cultivares recomendadas à produção de frutos, visando o consumo In natura são: campineiro e lanen.

8º Mudas

Dar preferência as mudas fiscalizadas, isto é, produzidas por produtores registrados no Ministério da Agricultura. A muda deve ser vigorosa, sadia e bem folhada (de 08 a 12 folhas).

8.1  Preparo das Mudas  As mudas recém chegadas de viveiro sofrem m toalete, que consiste na retirada das folhas secas, velhas e doentes, deixando-se de 3 a 4 folhas mais novas e sadias. Logo após fazer uma seleção por tamanho e sanidade.

9º Plantio

O plantio é feito no período de março a abril. A antecipação do plantio tem a vantagem de se obter melhor preço do produto no mercado, porém, tem a desvantagem de proporcionar menor rendimento. A operação do plantio é feito manualmente, colocando-se a muda no local indicado, pelo marcador e sobre uma pequena cova aberta com a mão. No plantio a muda deve ser colocada à mesma profundidade em que se encontrava no viveiro, evitando-se assim que as raízes fiquem voltadas para cima e a terra deve ser bem comprimida nas raízes. A irrigação é feita em seguida.

9.1  Replantamento  o replantio é realizado entre 10 a 15 dias após o plantio, substituindo-se as mudas mortas.

10º Adubação

10.1  Adubação Química de Plantio  o ideal é fazer a análise química do solo, que fornece a indicação correta dos adubos a serem aplicados, de acordo com a fertilidade do solo.

10.2  Adubação Química de Cobertura  fazer a adubação de cobertura em vezes da seguinte maneira.

·A primeira adubação é feita antes da colocação do plástico, mais o menos 30 (trinta) dias após o plantio.

·A segunda e terceira adubações são feitas no início de cada floração.

Após cada adubação, efetuar uma irrigação.

11º Tratos Culturais

11.1  Colocação do Plástico  A operação é realizada, logo após o pegamento das mudas e após a 1º adubação de cobertura o que ocorre cerca de 30 (trinta) dias após o plantio.

O plástico é afixado nos canteiros por grampos de taquara. Estica-se o plástico, no sentido longitudinal do canteiros, deixando-se a dobra passar pelo centro. Somente deve-se desdobrá-los após cobrir o canteiro. Após estar esticado e desdobrado, afixa-se o plástico pelas extremidades, fixando grampos ao longo do canteiro.

Logo em seguida há a perfuração do plástico com canivete, lâmina de barbear ou outro instrumento cortante, no ponto onde se encontra cada planta, passando-se a muda com o auxílio do indicador, através deste corte. Imediatamente após a retirada das plantas, procede-se a fixação total do plástico.

Aconselha-se colocar entre os canteiros palha seca de arroz o capim, para conservar a umidade e evitar a erosão.

11.2  Irrigação  A irrigação deve ser feita por asperção e a primeira deve ocorrer antes do plantio.

11.3  Limpeza das Plantas  Retirar as folhas secas, velhas e rasgadas ou com sintomas de doenças. Esta operação deve ser feita antes da colocação do plástico, antes de cada florada e após a colheita de cada florada. A cada sete dias, retirar os estalões (cipós).

12º Controle Fitossanitários

12.1  Controle cultural  efetuar a limpeza das mudas e plantas, removendo as folhas velhas e hastes atacadas por doenças. Todo material deve ser removido e queimado, imediatamente.

12.2  Controle Químico  efetuar o tratamento das mudas, com objetivo de controlar os fungos do solo e doenças da folhagens. Pulverizar bem a planta nas faces superior e inferior da folha.

13º Colheita

O início da colheita pode dar-se entre os 60 e 80 dias, após o plantio. A colheita não deve ser feita nas horas mais quentes do dia, nem quando os frutos estiverem molhados pelo orvalho, chuva ou irrigação.

O fruto é colhido quando estiver de vez o que é caracterizado pela cor rósea em pelo menos 50% do fruto. Aqueles, inteiramente maduros são comercializados em locais próximos à produção.

A colheita é feita diariamente em talhões alternados. O fruto é destacado da planta pelo pedúnculo (operação realizada com a unha), no período da manhã. Os frutos são colhidos um a um e, colocados em cestas de taquara ou madeira, divididas em duas partes, para separar os frutos por tamanho.

14º Seleção, Classificação e Embalagem

A seleção, classificação e embalagem, são feitas no rancho ou galpão, imediatamente após a colheita. Os frutos defeituosos, são descartados.

O morango destinado ao mercado é acomodado em cumbucas plásticas transparentes e depois estas acondicionadas em caixas de madeira ou papelão com capacidade para 4 (quatro) cumbucas.

Os frutos são colocados nas cumbucas dispostos em duas camadas: a primeira (fundo), é feita com morangos menores e a segunda (superior ou boca de caixa), feita com morangos maiores, sendo as duas camadas dispostas em fileiras.

15º Comercialização

O morango deve chegar ao local de comercialização no mesmo dia da colheita e ao consumidor no máximo em dois dias.

De Estiva, o morango é escoado para os mais diversos mercados, destacando-se: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba…

Além da distribuição direta, muitas empresas especializadas na distribuição e venda de frutas, mantém m posto de compra no município, durante o período de safra, podendo se destacar; Comercial Louverense, Demarchi, Danone, Cica e outras tantas.

Principais Pragas e Doenças

Pragas: As mais comuns são: Pulgões, Ácaros, Formigas, Vaquinha, Lagarta etc…

Doenças:

1  Mancha foleares (mancha de micosferela):

São Manchas circulares de coloração púrpura com centro branco-cinzento. Ás vezes podem formar manchas maiores podendo tomar a folha toda.

2  Antracnose (chocolate)

Doença que se manifesta nos estalões, frutos e rizomas. Quando ataca os estalões, provoca a morte, antes do enraizamento.

3  Mofo Cinzento

Os frutos são atacados em qualquer estágio, inicia-se com pequenas podridões de cor marron, que evolui rapidamente apodrecendo o fruto, que após secar fica recoberto de mofo cinzento.

Defensivos Agrícolas

Os produtos devem ser usados respeitando o período de carência de cada m deles, sendo que somente poderá ser usado, produtos ou defensivos que seja registrados para a cultura do Morango.

Cuidados para a pulverização do Morango

·              Usar macacão, bota, chape, máscara, óculos e luvas;

·              Não misturar defensivos com as mãos;

·              Evitar de fumar, comer ou beber, durante a aplicação;

·              Não pulverizar contra o vento

·              Fazer aplicações de defensivos à tarde (nas horas mais frescas do dia)

·              Guardar os defensivos em locais seguros, afastados de crianças, conservando-o em as embalagem original;

·              Ler cuidadosamente as instruções contidas no rótulo a embalagem;

·              As embalagens usadas devem ser guardas até o seu encaminhamento ao lixo seletivo;

·              Após as aplicações, tomar banho com água fria e sabão;

·              Em caso de ingestão ou intoxicação, procurar por serviços médicos imediatamente.

Rotação de Cultura

Após a safra, planta-se milho, arroz, ou outra cultura de época. Com a rotação quebra-se o ciclo da praga e aproveita-se a adubação do solo.